segunda-feira, 30 de outubro de 2023

FOOTBALL OU FUTEBOL? TANTO FAZ...

(Por Luiz Carlos de Farias Franca) 

Há muito tempo que eu deixei de gostar de football, eu gostava do tempo do "futebol arte", daquele espetáculo coletivo, daquele toque de bola espetacular que existia no futebol brasileiro; lembro do show que o Caréca dava em campo e de tantos outros jogadores mais. Depois que o Brasil adotou o modelo europeu de jogar, assim...sem jogo de cintura, com lançamentos longos e bolas altas, pouca marcação e medo de driblar...essa coisa de salários exorbitantes e muitos mercenários no comando da categoria ,em todo o país e no planeta...eu falei a mim mesmo: não tem nada a ver perder tempo dando atenção pra uma atividade que dá mais sono que animação. Mas assisti a alguns jogos,assim...meio pela metade, da Copa Sul Americana de footbaal...e comecei a gostar muito do futebol que o time Cearense, o Fortaleza ,apresentou, e hoje assisti à final dessa Copa, Fortaleza X LDU, um time muito bom, do Equador, apenas muito bom, porque o Fortaleza foi ótimo, e deu um show, um show no toque de bola, jogadores fortes e rápidos...em nenhum momento senti sono e tédio, foi um jogaço; apesar do LDU bater muito, e não deixar o Fortaleza mostrar ainda mais o seu ótimo futebol, foi um dos melhores jogos que assisti, senão o melhor, dentro desses quinze anos, ou mais, de tédio no fotebol brasileiro. Enfim, teve prorrogação e no final,os pênaltis...o goleiro do Fortaleza pega o primeiro, e o time estava com cara de campeão...mas mesmo defendendo dois, o Fortaleza perde a Copa Sul Americana de Footbaal para o LDU, não fiquei triste...os caras perderam com cara de campeões, e foram aplaudidos pela sua forte torcida. Eu não tenho,e nunca tive nenhuma informação sobre esse time; se a torcida dele é burguêsa ou é popular...se são mais de direita ou de esquerda, sinceramente, não sei mesmo, nem da origem , da sua história...eu apenas comecei a segui-lo, pela a excelente qualidade que percebi...talvez eu tenha percebido neles,uma mistura de anos sessenta, setenta e oitenta...a boa época do nosso futebol. Não fiquei triste pela sua derrota, porque foi um belo jogo...e era evidente, desde o inicio, a superioridade técnica do time Cearense. Nunca pensei que um dia, eu iria abrir espaço, aqui na minha página, que é exclusiva para assuntos de Arte, Cultura e Meio Ambiente, para comentar a final de um jogo de futebol entre dois times sul americanos...um time Nordestino brasileiro X um time Equatoriano. Será se foi o eclipse lunar, que me influenciou? Acho que não, o Fortaleza é bom mesmo!






segunda-feira, 26 de junho de 2023

O QUARTO ESTÁDIO

Em um futuro não muito distante está havendo uma reunião extraordinária da Assembleia das Corporações. O assunto é o mesmo que há tempos vem sendo discutido envolvendo a Grande Arena, o quarto estádio. Para você que está chegando agora, vou contar do que se trata:

Os jogos de futebol passaram a acontecer em três estádios. No estádio principal ocorre o jogo; cada um dos outros dois, chamados popularmente de halfies (Half de mando e Half visitante) é ocupado com as torcidas que assistem por hologramas ao jogo e à torcida adversária criando virtualmente o ambiente inerente ao desporto.  

E o quarto estádio? 

É o local apropriado para o encontro dos torcedores. Foi criado depois que todo e qualquer distúrbio ou barulho passou a ser severamente punido fazendo com que a um simples grito de gol em local público seja aplicada uma coima volumosa. Trata-se do maior dos quatro estádios e é gerido por meios próprios. Tem por baixo das enormes arquibancadas toda uma estrutura para que não se precise lançar mão do erário corporativo para nenhum gasto. Tem pronto socorro; hospital com UTI e enfermaria, fisioterapia, acompanhamento psicológico; seguradora; farmácia e serviços funerários.  Ganhou o nome de Grande Arena, bem mais apropriado tendo em vista que o seu piso é revestido com areia para que se torne mais fácil a limpeza ao final de cada encontro.

E o que quer a Assembleia?

Reuniu-se para votar a autorização para as teletransmissões dos encontros da Grande Arena.



segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

O DONO DA BOLA

Fui dono de uma bola de couro oficial. Alguém que desconhecia os meus talentos resolveu me dar esse presente de aniversário, quando eu era menino. O dono da bola é um cara de prestígio, joga todas as partidas e até escolhe o time. Fui exceção entre os moleques de rua, todos preferiam não brincar com a minha bola a permitir que eu jogasse com eles. Bullying? Nada disso, o motivo verdadeiro era eu ser muito ruim, não chutava, não driblava, fazia gol contra e cometia faltas nos companheiros de time. 

Quando tinha sete anos levei uma bolada no olho direito, sofri lesão na córnea, que me acompanha até hoje. Minha mãe fez promessa com Santa Luzia para eu não perder a vista. Nunca paguei a promessa e acho que por isso tenho a visão complicada.

Terá sido culpa da mártir, a que arrancou os próprios olhos e foi decapitada por conta de sua fé em Cristo? Não, de jeito nenhum, o negligente fui eu mesmo. Mamãe prometeu comprar a imagem da santa milagrosa e preferi roubá-la no santuário de uma tia avó, também sofredora da vista. Depois do roubo, as más línguas falaram que a pobre velhinha ficou cega. Lá no alto do céu não consideraram a promessa quitada. Ainda sofro dos olhos e, na família, todos me julgam um ladrão de antiguidades.

Não sei se por conta da bolada ou do sacrilégio religioso, tornei-me um fracasso em assunto de futebol. Faltou-me vocação para a maior cultura do povo brasileiro. Naquele tempo ainda não se falava nerd, mas sempre fui um sujeitinho aferrado aos livros, à música, ao cinema, ao teatro, e gastava as horas estudando. Nunca me revelei nas brincadeiras de pião, bola de gude, pingue-pongue, barra bandeira, não aprendi a empinar pipa, nadava mal e não sabia montar os pangarés da fazenda dos tios e da avó. Para desgosto do pai tornei-me uma vergonha em qualquer modalidade de esporte.

O time de futebol da minha cidade se chamava Magarefe, os jogadores eram açougueiros e batiam bola aos domingos, num campo próximo à rua onde eu morava. No final da tarde, já escurecendo, eles retornavam das pelejas calçando chuteiras, sem as camisas dos ternos, suando e fedendo mal como as carnes podres que vendiam no açougue. Desfilavam pela calçada, feios e barulhentos, proferindo insultos e palavrões. O mal cheiro impregnou-se em minha memória e nunca consegui dissociá-lo do futebol.

Se busco compreender os meus entraves futebolísticos à luz da psicanálise, concluo que os devo aos sentidos da visão e do olfato. Eles foram agredidos pelos jogadores feios, sujos, barulhentos, grosseiros e malcheirosos. Trata-se de motivo bem mais relevante do que a cartilha de esquerda dos anos de ditadura militar, quando éramos instruídos a não torcer pela seleção brasileira, num evidente patrulhamento.

Vocês não imaginam o que sofri na Copa de 1970, morrendo de vontade de assistir aos jogos na tevê em preto e branco da vizinha, mas instruído a não cair na tentação fascista, pois o Mundial se tornara um instrumento de propaganda dos militares.

O futebol também se misturou com as coisas do céu, as rezas, as velas acesas e uma imagem em porcelana de Nossa Senhora Aparecida, que ganhei de uma tia na primeira comunhão. A padroeira do Brasil ocupava o seu lugar de honra em cima de um rádio Philips comprado pelo pai, quando ainda morávamos no sertão. Na euforia de um gol, a santa caiu do seu posto e espatifou-se em mil cacos. Pobrezinha.

Chegado aos 70 anos, resolvi os meus conflitos com o futebol, a bola e os Mundiais. As pessoas me cobravam ser um torcedor, morrer por um time, vestir verde e amarelo durante a Copa e assistir aos jogos enturmado, bebendo cerveja e roendo as unhas dos pés. Não torço por nenhuma seleção e não sofro ansiedade pelos resultados. Gosto de ouvir os fogos, os gritos, e me comovo com a euforia das pessoas. Participei com alguns argentinos de uma mesa sobre futebol, na Alemanha. Não abri a boca, só fiz rir.

Não cobro de ninguém que se comova assistindo ao filme turco Quatro gerações, um longa-metragem de duas horas e meia, que parece durar quinze minutos, tão emocionante ele é. Não alicio os amigos para o culto a Tarkovsky, um cineasta russo. Não tento os inimigos dos livros a lerem as dezenas de escritores que leio e releio num verdadeiro ato de fé. Alguém acredita que se possa perder o sono depois de ler o ensaio de Edmund Wilson sobre o simbolismo? Eu perdi.

Estamos quites torcedores brasileiros. Não cobro nada de vocês. Mas também não reclamem por eu ter dormido durante o tedioso jogo entre o Brasil e a Suíça, em que nem o Pombo Richarlison conseguiu me empolgar com seus arrulhos. 

*



Texto de Ronaldo Correia de Brito

Ilustração de Rafael Olinto

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

A MULHER QUE ODIAVA O ZICO

 


Esta é uma história de amor. Ela, a mulher, muito amava o marido. Porém, o amor... Ah, o amor... Ele, o marido, assim como “João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava...” amava o Flamengo, que quando ganhava, atirava-o para os braços eufóricos de sua quadrilha por toda a noite, mas, quando perdia, mandava-o direitinho para os braços consoladores da mulher.

 

Para Ronaldo Rhusso, Maiara, Marino, quase todos os primos e incontáveis  amigos que fazem com que eu, um vascaíno (assim como Drummond), tenha imensa simpatia pelo Flamengo Povão, não por esse que aí está de conluio com o fascismo vigente.

 

Foto retirada da Internet.


sábado, 19 de junho de 2021

A ditadura do futebol

A minha paixão pelo futebol não é recente, não é de moda, não é fruto do acaso. Vem de sempre, do mais longe da infância, manteve-se sempre constante e alimentou-se sempre de um genuíno prazer pela estética e pela geometria do jogo: até mesmo ver miúdos a jogar na areia de uma praia me cativa, não apenas ver jogar Messi ou Ronaldo. Mas, hoje em dia, dou por mim a ficar cada vez mais farto de futebol. O jogo, em si mesmo, é cada vez mais desinteressante, a partir do momento em que o seu objectivo principal — marcar golos — foi substituído pelo de não deixar o adversário marcar golos. O futebol-arte foi substituído pelo futebol-indústria, no qual desaguaram em força todas as máfias de dinheiro obscuro do mundo — da Rússia, do Médio Oriente, da Ásia — que forçaram o espectáculo futebolístico até aos limites: mais jogos, mais competições, mais horas de transmissões televisivas de jogos e debates sobre jogos, e jogadores pagos pornograficamente, com a contrapartida de jogarem até à exaustão. Todos os envolvidos no negócio — donos e administradores dos clubes, técnicos, jogadores, programadores de televisão, dirigentes das Federações, da UEFA e da FIFA — sabem que a corda está esticada até ao limite, mas apostam na infinitude de um filão que não se esgotará nunca, pois acreditam que não se esgotará nunca, passando de geração em geração a paixão do público por este jogo. E, por isso, não é possível abrandar nem conter a ambição — daí a recente tentativa, por enquanto frustrada, de 12 dos mais ricos clubes europeus quererem ainda enxertar uma outra competição, só para eles, às já existentes. E, quando se paga seis, dez, vinte milhões por ano a um jogador, e mais do que isso a um treinador, perder não é opção. Daí que todos os treinadores, sem excepção, cuidem hoje, primeiro que tudo, de preparar as suas equipas para não perder. Os das mais ricas preparam-nas também e depois, para tentar ganhar; os outros, apenas para defender. O resultado à vista é que todas as equipas acabam a jogar da mesma maneira, um futebol previsível, cauteloso, aborrecido, destinado a matar à nascença o improviso e o génio. Bom exemplo disso é a saída de bola dos guarda-redes, actualmente a jogada mais ensaiada pelos treinadores, a mais repetitiva e a mais desinteressante. Aliás, tenho para mim e desde há muito, que, com honrosas excepções — como um padre-treinador que tive aos 15 anos — os treinadores só servem para complicar o que é simples. E quando vieram acrescentar-lhes o VAR (hoje, o personagem principal e invisível do jogo) e toda uma teia de intrincadas interpretações técnico-jurídicas sobre as 13 leis do futebol — ainda por cima, mudando todos os anos — este jogo, outrora fascinante, vai-se tornando cada vez mais aborrecido.

(Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 18/06/2021)


 

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Vermelho Futebol Vermelho

 


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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Assim, evoluimos.


 «Tudo começou com a criação de um clube de remo formado só por negros operários e, pior naquela época, presidido por uma diretoria inteira só de mulheres (à exceção do cargo de Orador que, como se fosse ironia, elas, sempre tachadas de faladeiras, entregaram a um representante masculino). A ousadia, que em 1919 uniu na cidade catarinense de Itajaí, um grupo de pessoas excluídas da vida social e esportiva branca e burguesa de Santa Catarina, chamou-se Clube Náutico Cruz e Sousa e fez parte da onda revoltosa que tomaria conta do esporte brasileiro, que culminou com a derrubada do elitismo no futebol.»

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