Copinha 2018
Francisco Dandão
Morei dois anos em São Paulo, na época
em que eu cursava um doutorado em Comunicação e Semiótica na Pontifícia
Universidade Católica. Morei dois anos, mas jamais passei um Réveillon na
cidade. Todo mês de dezembro eu ia para Fortaleza, virar o ciclo solar pertinho
do mar.
Por
não permanecer na capital paulista nos finais de ano, eu também nunca pude
apreciar in loco os jogos da Copa São
Paulo de Futebol Junior, a denominada Copinha. Sempre assisti aos jogos desse torneio
à distância, milhares de quilômetros longe, pelo olho eternamente mágico da
televisão.
Nesse recente final de ano, porém, para
confirmar a minha compulsão de estar sempre indo e voltando de um lugar para o
outro, nada mais lógico, agora que eu moro em Fortaleza, do que a minha decisão
de passar a referida virada do ciclo solar na desvairadamente linda capital de
todas as esquinas.
Dessa forma, então, eis que eu botei o
pé num avião e me mandei para o delirante concreto anfitrião de todas as tribos,
credos e cores. Sim, cores mesmo. É que entre o chumbo do céu e o negro do asfalto
saltam por entre ladeiras e planícies paredes, brincos e tatoos de todos os matizes e espécies.
E, assim, eu era um daqueles dois
milhões de criaturas que dançaram (força de expressão, que eu no máximo ensaio
um movimento de cintura, sem tirar os pés do lugar) à meia-noite do dia 31 de
dezembro, no embalo da voz sensual da baiana Claudinha Leite, no Réveillon da
Avenida Paulista.
A festa na avenida foi a primeira parte
da minha missão. Uma vez cumprida, tratei de traçar o meu roteiro para saber
como é que eu devia fazer para chegar em São Bernardo, cidade onde o time
sub-20 do Rio Branco jogaria a fase de grupos da Copinha. Sim, lá onde moram as
barbas do Lula.
O primeiro jogo do Rio Branco, contra o
time da cidade, estava marcado para às 14 horas. Calculei o tempo que eu
levaria para chegar ao local e exatamente às 11h30m entrei no metrô que me
levaria à estação Jabaquara. A etapa seguinte seria percorrida num ônibus
elétrico (trolebus).
Cheguei ao estádio Baetão bem na hora
do hino, quase duas horas e meia depois de entrar no metrô em São Paulo. E a
minha primeira impressão não foi da melhores. É que a diferença física entre os
atletas dos dois times era enorme. O Rio Branco parecia um time mirim em
comparação com eles.
Não gostei daquilo. Mas ainda me
sobreveio a esperança de que nem sempre o maior é o melhor. A esperança se
esvaiu tão logo a bola rolou. O anfitrião, mesmo sem jogar muita bola, se impôs
na força e venceu fácil. Pra completar, eu ainda levei chuva no lombo. Só valeu
pela festa de Reveillon!
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Janeiro de 2018 -
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