Uma das coisas que faz com que o futebol seja tão popular é a facilidade de assimilação das suas regras, poucas e simples, com exceção de uma que, até pouco tempo, era muito complicada e dava margem a várias interpretações. Hoje, ela é simples, porém, muitas vezes, de difícil aplicação. Trata-se da décima primeira das dezessete leis que regem o jogo. A lei diz que o jogador está em impedimento de continuar a jogada, está fora de jogo, off side (como se diz no original) ou está na banheira (como se dizia no meu tempo). Pretendo aqui dar a minha sugestão para mudança da Regra 11 (croqui) esperando que seja colocada em apreciação pelos órgãos competentes.
Porém, antes gostaria de dissertar sobre o termo
“Banheira”. Alguns acham que vem do fato do impedimento acontecer
majoritariamente na zona do campo em que é mais pisada, onde se forma uma
grande poça quando chove. Não, essa é a chamada Zona do Agrião, que é planta
que dá na água. Outros, mais apropriadamente, dizem que seja porque na banheira
é um lugar onde, supostamente, se está sozinho, isolado, uma das condições para
o impedimento. Vou dar a minha versão: Os jogos com bola perdem-se na memória
da história e são comuns a todas as civilizações, porém, como a nossa, dita
ocidental tem seu berço na Grécia Antiga, é para lá que vamos: Conta-se que
Arquimedes era muito chegado ao jogo do “esferopédio”. Como a sua posição era a
de avançado e a bola custava chegar até ele, aproveitava o tempo refestelado
numa banheira que levava para onde ia. Dizia ele que para além de refrescar, a
água ajudava a pensar e pensar era a sua profissão. O jogo da bola ele exercia
amadoristicamente. E, com isso de trabalhar enquanto se brinca, aconteceu de um
dia ele ter uma grande ideia durante um jogo. Como um louco, abandonou o campo
a correr e a gritar “Eureka!” sem ao menos ver a bola que lhe fora lançada. A sua
mais recente ideia tomava-lhe muito tempo em conferências e aulas a ministrar e
Arquimedes nunca mais volveu aos campos, mas o seu estilo legou-nos o termo que
(os do meu tempo) ainda ouvem ribombar no ouvido da memória gritado por “Mário
Vianna com dois enes!” a pleno pulmão, categoricamente, com todas as vibrações
que o erre entre vogais permite: “Banheira!”
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