Imaginem a minha surpresa ao
ligar para o banco, numa consulta de rotina, e saber que meu qualquer havia
desaparecido!
Consultei a fonte que despeja,
mensalmente, o qualquer e me enviaram, via fax, a informação de que o
desaparecido deveria estar lá, quietinho, esperando as minhas escolhas no que
tange a torrá-lo...
Liguei, novamente, para o banco e
meu gerente me informou que havia algo errado com a minha conta, pois, pelo que
informava o sistema, havia uma constatação de que eu havia morrido!
Talvez eu morra no domingo que
vem nesse meu voo duplo de paraglider, mas disse a ele que, a não ser que
estivéssemos numa sessão espírita, eu estava bem vivo (ao menos por enquanto)!
Mas ele respondeu que,
infelizmente, havia a questão da burocracia!
Eu deveria provar que estava vivo
indo lá na agência!
Forneci-lhe dados, de sobejo,
numa tentativa de comprovar que eu não era um fantasma.
Mas foi em vão...
Então lembrei a pergunta que me
fizeram tempos atrás: “ – Qual o seu maior medo”?
Na ocasião não consegui me
decidir acerca desse tal “maior medo”!
Mas naquele momento, ouvindo o ‘tchau’
seco do famigerado gerente, em forma de um: “ – Tenha uma boa tarde!”, descobri
que tenho medo de gerente de banco!
Fiquei tentando visualizar a imagem
do cara, um matador virtual que consegue apagar a existência do meu tão
merecido qualquer!
Aquela voz seca e concisa! Aquela
certeza de que eu não mais fazia parte da prole que caminha para constatar que
o futuro é dos que têm o poder para matar e para deixar vivo...
Será que o Maluf e os outros
ladrões que despejam bilhões nas contas bancárias, por aí a fora, também têm
medo de gerente?
Meu D’us! E agora? Apenas rezo ou
viajo mais de mil e quinhentos quilômetros para provar que não desencarnei?
E se eu morrer em um acidente
durante o percurso?
Será que meu qualquer mensal vale
o sacrifício?
O mais estranho é que eu pensei
em reclamar com o chefe do gerente, mas na agência é ele o que manda e os
outros apenas obedecem!
Ouvir-me ia o presidente ou um
dos grandes executivos da maior empresa de sociedade mista do país?
Decidi não reclamar mais, afinal
deve ser um fardo, para o poderoso gerente, essas enfadonhas reclamações de
gente como eu que gasta o seu tempo trabalhando duro para dar continuidade a essa
tentativa diária de melhorar a sociedade de modo que ela forme novos super
gerentes e esses venham demonstrar seu poderio de decisões despóticas que
venham, no futuro, tirar do sério milhões de ocupados em aumentar a produção da
colmeia chamada Brasil que tem o desprazer de possuir muitos zangões e uma só
rainha: a desorganização!
Ronaldo Rhusso
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