domingo, 20 de dezembro de 2020

A virada da minha vida

Eu devia ter doze ou treze anos. Havia passado o fim de semana com os avós, na roça. Retornei à cidade de trem, no domingo, sem saber do resultado do Vasco x Flamengo. Pedi para assistir a reprise na casa de um vizinho. Sozinho na madrugada, assistia o Vasco começar perdendo por 3 x 0. Mesmo cansado da viagem, não deixei o sono ser maior que a torcida, vã, nessa altura. E eis que o vasco começo a fazer um gol atrás do outro, até que Oldair, zagueiro (esse lembro bem), fez o 4 x 3 batendo uma falta. Um canhão rasteiro. Como dormir depois?



sábado, 24 de outubro de 2020

Vício da Gema

Nunca fumei

mas trago o Vasco

baseado na paixão dos alucinados

e se agarro a esse vício inexplicável

e subo o morro pra buscar fatal cigarro

é ali que morro na cruz de malta crucificado.

Não sou de beber

mas me embriago

das antigas vitórias por mares nunca idos,

onde o Vasco escreveu múltiplos capítulos

e na adega do almirante entornei mil títulos.

Nunca cheirei mas admito

que enfileirei carreiras com seus craques

desde Barbosa Eli Danilo Jorge Ademir Bellini

e vai minha memória explodindo, farejando

Dinamite Romário Jorginho Pernambucano.

Não frequento a ATA,

associação dos torcedores anônimos,

pois dou meu nome e minha cara a tapa

prossigo nesse vício, nessa quimera,

e se caio uma duas três ou sete quedas

mesmo que haja o encachoeirado pranto

sei que após o tombo me levanto,

a obsessão da caravela vascaína

sempre me ergue, me orienta e me alucina.

 

Caio Junqueira Maciel