sábado, 19 de junho de 2021

A ditadura do futebol

A minha paixão pelo futebol não é recente, não é de moda, não é fruto do acaso. Vem de sempre, do mais longe da infância, manteve-se sempre constante e alimentou-se sempre de um genuíno prazer pela estética e pela geometria do jogo: até mesmo ver miúdos a jogar na areia de uma praia me cativa, não apenas ver jogar Messi ou Ronaldo. Mas, hoje em dia, dou por mim a ficar cada vez mais farto de futebol. O jogo, em si mesmo, é cada vez mais desinteressante, a partir do momento em que o seu objectivo principal — marcar golos — foi substituído pelo de não deixar o adversário marcar golos. O futebol-arte foi substituído pelo futebol-indústria, no qual desaguaram em força todas as máfias de dinheiro obscuro do mundo — da Rússia, do Médio Oriente, da Ásia — que forçaram o espectáculo futebolístico até aos limites: mais jogos, mais competições, mais horas de transmissões televisivas de jogos e debates sobre jogos, e jogadores pagos pornograficamente, com a contrapartida de jogarem até à exaustão. Todos os envolvidos no negócio — donos e administradores dos clubes, técnicos, jogadores, programadores de televisão, dirigentes das Federações, da UEFA e da FIFA — sabem que a corda está esticada até ao limite, mas apostam na infinitude de um filão que não se esgotará nunca, pois acreditam que não se esgotará nunca, passando de geração em geração a paixão do público por este jogo. E, por isso, não é possível abrandar nem conter a ambição — daí a recente tentativa, por enquanto frustrada, de 12 dos mais ricos clubes europeus quererem ainda enxertar uma outra competição, só para eles, às já existentes. E, quando se paga seis, dez, vinte milhões por ano a um jogador, e mais do que isso a um treinador, perder não é opção. Daí que todos os treinadores, sem excepção, cuidem hoje, primeiro que tudo, de preparar as suas equipas para não perder. Os das mais ricas preparam-nas também e depois, para tentar ganhar; os outros, apenas para defender. O resultado à vista é que todas as equipas acabam a jogar da mesma maneira, um futebol previsível, cauteloso, aborrecido, destinado a matar à nascença o improviso e o génio. Bom exemplo disso é a saída de bola dos guarda-redes, actualmente a jogada mais ensaiada pelos treinadores, a mais repetitiva e a mais desinteressante. Aliás, tenho para mim e desde há muito, que, com honrosas excepções — como um padre-treinador que tive aos 15 anos — os treinadores só servem para complicar o que é simples. E quando vieram acrescentar-lhes o VAR (hoje, o personagem principal e invisível do jogo) e toda uma teia de intrincadas interpretações técnico-jurídicas sobre as 13 leis do futebol — ainda por cima, mudando todos os anos — este jogo, outrora fascinante, vai-se tornando cada vez mais aborrecido.

(Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 18/06/2021)


 

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Vermelho Futebol Vermelho

 


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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Assim, evoluimos.


 «Tudo começou com a criação de um clube de remo formado só por negros operários e, pior naquela época, presidido por uma diretoria inteira só de mulheres (à exceção do cargo de Orador que, como se fosse ironia, elas, sempre tachadas de faladeiras, entregaram a um representante masculino). A ousadia, que em 1919 uniu na cidade catarinense de Itajaí, um grupo de pessoas excluídas da vida social e esportiva branca e burguesa de Santa Catarina, chamou-se Clube Náutico Cruz e Sousa e fez parte da onda revoltosa que tomaria conta do esporte brasileiro, que culminou com a derrubada do elitismo no futebol.»

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quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Flu Fla

Para além de importantes ensinamentos, esta pandemia também nos mostrou que não é preciso cobrança de ingressos para se manter os campeonatos de futebol e que um Fla-Flu sem público não tem graça nenhuma.