segunda-feira, 22 de março de 2010

Meu ídolo

Até hoje só tive um ídolo. Certo que gostei muito de Tchaikowski e de Herman Hesse. Que era apaixonado pela Liv Ullman e adorava quando a Florinda Bolkan entrava num filme que via. Mas ídolo mesmo, digno deste estatuto, só um. Só o Roberto. Roberto Dinamite.

Muito tempo antes, quando gostava só do Vasco da Gama tivesse ele os jogadores que tivesse, eu treinava ginástica de solo nesse clube. E foi que numa tarde desse tempo, eu seguia num ônibus pela Avenida Presidente Vargas. Ao meu lado, um rapaz magro, alto, olhava com uma simpática timidez para a camiseta de treino dobrada sobre o meu colo exibindo orgulhosamente a Cruz de Malta vascaína (que a verdadeira de Malta é outra). O exibicionista era eu e acredito ser eu o mais carente de um carinho, de um amigo, um companheiro ou duas palavrinhas bastavam naquela altura. Como fiquei contente quando o outro perguntou: Você é atleta do Vasco?Atrapalhei-me com a alegria e demorei um pouco a passar o dedo no relevo bordado das letras que indicavam a categoria. Sou da ginástica. Disse olhando rapidamente mas a tempo de captar um sorriso tímido e sincero vindo mais lá de cima. Ele disse: “Também sou do infanto juvenil do Vasco. Mas do futebol. E você é vascaíno?” É tão bom quando se representa o clube do coração! Desci na Central para apanhar o trem para Braz de Pina. Pouco antes da minha vida destrambelhar ainda dava uma olhadinha no campo, mas os nossos horários de treino eram diferentes. Acabou-se ginástica, escola…

Aí, apareceu o Roberto Dinamite e a estrada teve uma alegria a mais. Uma alegria verdadeira. Tivesse eu umas paredes e elas seriam cobertas com posteres. Tivesse eu assentamento e veria seus jogos, suas entrevistas, correria atrás de autógrafos, essas coisas… Um ídolo só no coração.

Muito tempo depois (eu nunca contei isso pra ninguém) vendo uma foto do Roberto… reconheci aquele sorriso quase tristeza de cima pra baixo.

Hoje, eu já posso contar isso.

JC

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domingo, 21 de março de 2010

sexta-feira, 12 de março de 2010

1/4 de Hino

Hino é hino tenha lá o tamanho que for. O Nacional Brasileiro, por seu tamanho, em determinadas situações, é cantado pela metade, ou seja, só a primeira parte inteira. E que grande trapalhada é uma metade inteira. Ainda mais quando chega a Copa do Mundo de Futebol que, pelo mediatismo e por sua relação com a televisão, em que qualquer segundo é uma pepita, a organização solicita que se toque apenas a metade dos hinos muito longos. O que acontece, e se tem visto nos últimos eventos, é cortarem pelo meio a metade que é destinada a tocar. Ou seja, um quarto é tocado, acabando sem mais nem menos meio a uma frase musical. Isso frustra até o jogador que treinou tanto para não fazer feio nos closes compenetrados dos perfilhados.

Partindo da premissa de que o hino não só pode generalizar a representação de um povo como pode representá-lo em determinadas situações, eu proponho que se utilize uma outra música para hino desportivo (pelo menos no caso do Futebol). Tenho até uma sugestão.

Lembram-se do Canal 100?

Um semanário de actualidades que era projectado antes de cada sessão cinematográfica, cuja última matéria era a reportagem sobre o grande jogo da semana. À cores. Em câmara lenta. Foco nas pernas dos jogadores que bailavam ao som de uma música que ficou no inconsciente colectivo como símbolo do futebol, não só para a geração da Jules Rimet mas também para a desses tempos das marcas patrocinadoras, em que não há mais noticiários nos cinemas e já quase não há mais cinemas.

A música. “Na Cadência do Samba” (Que Bonito É), de Luis Bandeira. Os seus dois títulos só já bastariam para exemplificar esse desporto.

Só haveria vantajens: Não precisaria cortar nenhum pedaço. Já serviria de balanço. Angariar-se-ia mais simpatia no perfilhamento descontraido. Todos trauteariam no estádio, se duvidar, até os rivais. E, por não ter letra, não se correria mais o risco de “pagar um mico” na hora do close.


JC