terça-feira, 26 de agosto de 2014

Na banheira

Uma das coisas que faz com que o futebol seja tão popular é a facilidade de assimilação das suas regras, poucas e simples, com exceção de uma que, até pouco tempo, era muito complicada e dava margem a várias interpretações. Hoje, ela é simples, porém, muitas vezes, de difícil aplicação. Trata-se da décima primeira das dezessete leis que regem o jogo. A lei diz que o jogador está em impedimento de continuar a jogada, está fora de jogo, off side (como se diz no original) ou está na banheira (como se dizia no meu tempo). Pretendo aqui dar a minha sugestão para mudança da Regra 11 (croqui) esperando que seja colocada em apreciação pelos órgãos competentes.


Porém, antes gostaria de dissertar sobre o termo “Banheira”. Alguns acham que vem do fato do impedimento acontecer majoritariamente na zona do campo em que é mais pisada, onde se forma uma grande poça quando chove. Não, essa é a chamada Zona do Agrião, que é planta que dá na água. Outros, mais apropriadamente, dizem que seja porque na banheira é um lugar onde, supostamente, se está sozinho, isolado, uma das condições para o impedimento. Vou dar a minha versão: Os jogos com bola perdem-se na memória da história e são comuns a todas as civilizações, porém, como a nossa, dita ocidental tem seu berço na Grécia Antiga, é para lá que vamos: Conta-se que Arquimedes era muito chegado ao jogo do “esferopédio”. Como a sua posição era a de avançado e a bola custava chegar até ele, aproveitava o tempo refestelado numa banheira que levava para onde ia. Dizia ele que para além de refrescar, a água ajudava a pensar e pensar era a sua profissão. O jogo da bola ele exercia amadoristicamente. E, com isso de trabalhar enquanto se brinca, aconteceu de um dia ele ter uma grande ideia durante um jogo. Como um louco, abandonou o campo a correr e a gritar “Eureka!” sem ao menos ver a bola que lhe fora lançada. A sua mais recente ideia tomava-lhe muito tempo em conferências e aulas a ministrar e Arquimedes nunca mais volveu aos campos, mas o seu estilo legou-nos o termo que (os do meu tempo) ainda ouvem ribombar no ouvido da memória gritado por “Mário Vianna com dois enes!” a pleno pulmão, categoricamente, com todas as vibrações que o erre entre vogais permite: “Banheira!”

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